quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mário Coluna

Chamaram-lhe "Monstro Sagrado". E ficou para sempre. Mário Esteves Coluna, o melhor médio da história do futebol português, um nome é recordado um pouco por todo o lado como um dos mais extraordinários jogadores do Mundo. A World Soccer (Inglaterra) e a Calcio 2000 (Itália), por exemplo, conceituadas revistas da modalidade, elegeram-no um dos melhores 100 futebolistas do século XX.
Foi o cérebro, o pulmão e o coração do Benfica dos anos dourados e da Selecção que brilhou no Mundial de 1966. Foi um jogador único, um líder de corpo inteiro, cuja dinâmica lhe permitiu assumir peso determinante nas equipas em que actuava.
Não sendo muito rápido, tinha tudo o resto: inteligência, visão de jogo, técnica refinada, talento para jogar curto ou longo, mediante as necessidades, e até para conduzir a bola, em progressão. Dispunha, também, de apurada intuição para se movimentar junto à área adversária. Se juntarmos a isso o forte remate que possuía, percebemos que estamos a falar, igualmente, de um temível jogador de ataque… tal como José Águas, marcou nas duas finais europeias ganhas pelo Benfica. Efeitos de uma carreira que iniciou ocupando a posição de avançado-centro.
Na final de Wembley, com o Milan, Coluna preparava-se para a terceira vitória consecutiva. Estava com 28 anos (nasceu a 6 de Agosto de 1935) e era um dos jogadores mais temidos por Nereo Rocco, treinador dos italianos. Jamais se irá saber se foi premeditado ou não. O facto é que Giovanni Trapattoni teve sobre ele entrada ríspida que lhe rachou um pé. Esteve a ser assistido, enquanto o jogo decorria, durante 15 minutos e voltou para fazer apenas figura de corpo presente, encostado à linha, sem se poder mexer. Mário Coluna não tem dúvidas: «A intenção foi arrumar-me. Passados uns anos a RAI convidou-me para um programa evocativo dessa final. Estive lá eu e o Altafini (autor dos dois golos do Milan); o Trapattoni foi convidado e não apareceu.» Já depois disso, Trapattoni confessou que a final de Wembley, a despeito da alegria pela vitória, é uma mancha na sua carreira como jogador.
Coluna, que perdeu todas as finais em que actuou como capitão, terminou a carreira a jogar a central, cumprindo o percurso natural num jogador com as suas características.
A última época ao serviço do Benfica foi em 1969/70 (caminhava para os 35 anos). Ainda fez 15 jogos e marcou um golo. Quando Otto Glória abandonou, à 18.ª jornada, foi José Augusto quem assumiu o comando da equipa. E foi o antigo companheiro de muitas batalhas quem o dispensou.
Saiu da Luz no final da época. Triste mas com a cabeça levantada, ainda passou pelo Lyon. Nada que possa ofuscar o que dele fica para a história: o "Monstro Sagrado" do futebol português.

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