quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Germano de Figueiredo

Não foi o mais brilhante, não teve tempo para ser o mais decisivo, mas foi, seguramente, um dos expoentes máximos do futebol português e europeu. Ninguém leva a mal se o considerarmos o melhor defesa-central nacional de sempre, o de maior classe, o mais preponderante, aquele que reunia mais qualidades: Germano de Figueiredo.
Nasceu em Alcântara no dia 23 de Dezembro de 1932. Em 1947 já actuava nas camadas jovens do Atlético e cinco anos depois, com 20 anos, já era titular da equipa principal.
No ano seguinte, em 1953, chegou à Selecção Nacional, entrando para o lugar de Fernando Cabrita numa partida com a Áustria (0-0).
Tinha tudo acertado com o Sporting quando lhe foi detectada grave doença pulmonar. Esteve internado, temeu-se pela carreira e o mesmo raciocínio seguiram os dirigentes leoninos, que se desinteressaram da sua contratação.
Em 1960, com 28 anos, assinou pelo Benfica. A glória estava à sua espera. Uma glória que soube sempre entender como efémera e atrás da qual só correu por obrigação, olhando muito para o jogo e pouco para si.
Germano começou por ser avançado… e avançado chegou à Selecção, da qual esteve afastado entre 1955 e 1960, pelas razões já explicadas.
Fixou-se mais tarde a central. E foi nessa posição que conheceu as páginas mais brilhantes da sua vida desportiva. Germano de Figueiredo foi o primeiro jogador total, ao mais alto nível, que o futebol português conheceu, um extraordinário polivalente.
Na final da Taça dos Campeões de 1964/65, em S. Siro, depois de ter actuado a avançado, a médio e a defesa, foi obrigado a jogar a guarda-redes. Aos 57 minutos do jogo com o Inter, Costa Pereira lesionou-se e teve de abandonar o terreno. Num tempo em que não havia substituições, Germano assumiu a baliza encarnada. Pela frente tinha mais de meia hora de jogo. Não sofreu golos e, mais importante, teve duas ou três intervenções dignas de um guarda-redes com excelentes recursos… surpresa para muitos mas não para quem o conhecia do dia-a-dia, aqueles que sabiam, de fonte segura, que era tão bom, nessa posição, como nas outras.
A caminho de completar 33 anos, Germano de Figueiredo ainda esteve presente na fase final do Mundial de 1966, tendo actuado apenas no jogo frente à Bulgária. Quando regressou de Inglaterra teve a desagradável surpresa: Fernando Riera não contava com ele para a época seguinte. Foi para o Salgueiros.
Na final de 1968, em Wembley, fazia parte, juntamente com Fernando Cabrita, da equipa técnica comandada por Otto Glória. Manteve-se afastado do futebol, com aquele olhar triste que o acompanhou ao longo da vida.
Um dos maiores jogadores que este país conheceu. Um homem íntegro, que na altura de quebrar o silêncio de 30 anos, em entrevista a A BOLA Magazine, falou assim do responsável pelo fim de uma carreira excepcional: «(...) Fernando Riera foi um grande treinador, uma pessoa amável, profundo conhecedor do futebol, incapaz de cometer injustiças no relacionamento com os jogadores



Vídeo - Final TCE 64/65, Inter vs Benfica

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