quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Humberto Coelho

Humberto Manuel Jesus Coelho, que vestiu a camisola encarnada pela primeira vez a 30 de Outubro de 1966, num jogo de juniores com o Oriental, chegou à primeira equipa benfiquista em 8 de Agosto de 1968, frente ao Remo FC, em jogo de uma digressão pelo Brasil. A 27 de Outubro, do mesmo ano, estreava-se na Selecção frente à Roménia.
A partir daí, seguiu o caminho do excepcional jogador que prometia ser e... foi. Não dispunha de grandes dotes técnicos mas tinha tudo aquilo de que um central precisa: boa visão de jogo, óptimo sentido posicional, velocidade, argumentos extraordinários no jogo aéreo, grande poder físico e uma voz de comando ao nível dos grandes líderes do futebol. Se Germano de Figueiredo foi, no conceito geral, o melhor defesa nascido em Portugal, Humberto vem naturalmente a seguir.
No auge chamaram-lhe o “Beckenbauer português”, no que pode ser entendido como um elogio ao peso relativo nas equipas que representava e explicado por jogarem ambos na mesma posição. Humberto tinha menos classe mas em contrapartida era mais central, no sentido de ser mais agressivo, mais forte nos duelos individuais. E tinha outra arma poderosa, tantas e tantas vezes decisiva: a facilidade de subir no terreno e aparecer na grande área fazendo prevalecer o jogo de cabeça. Se não marcava, a forma como surgia ao primeiro poste permitia a criação de inúmeras situações de golo.
O domínio de todos os passos do jogo conduziu-o temporariamente à posição de médio.
Entre 1975 e 1977 jogou no Paris Saint-Germain mas acabou por regressar à Luz, onde permaneceu até ao doloroso final de carreira, na época 1983/84.
Humberto Coelho, um dos expoentes máximos da sua geração, desperdiçou todos os Mundiais e Europeus. Na última época em pleno, a caminho dos 33 anos, garantiu presença numa final europeia (a Taça UEFA, perdida para o Anderlecht, em 1982/83).
À segunda jornada do campeonato 1983/84 lesionou-se com gravidade, num joelho, em vésperas do Portugal-Finlândia, do apuramento para o Europeu de França. O desejo de recuperar depressa, a tempo de estar apto a terminar em beleza, acabou por ser-lhe fatal. Ele próprio reconheceu que devia ter ido mais devagar. Se o tivesse feito, talvez o Benfica e a Selecção pudessem ter contado com ele durante mais algum tempo.
Como treinador, Humberto Coelho cumpriu o objectivo de levar Portugal ao Europeu de 2000. Aos 50 anos, como treinador, chegou ao grande palco, que lhe faltou ao longo de uma fabulosa carreira como jogador.

Sem comentários: