sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Guillermo Stabille - "El Filtrador"

O argentino Guillermo Stabille foi a figura maior da primeira edição do Mundial (1930). Certo, é que foi o seu melhor marcador, com oito golos. E conquistou Montevideu por um capricho do destino. Mas, depois disso, os fados pregaram-lhe grandes partidas.
Quarto de 10 irmãos de uma família oriunda de Itália, o pai emigrara para Buenos Aires nos últimos anos do século XIX. Foi nas ruas da cidade, com uma bola de trapos nos pés, que um técnico do Huracan o descobriu.
Depois de se assumir como o maior goleador do campeonato, em 1926 chamaram-no, enfim, à selecção.
Ganhara, entretanto, o epíteto de “El Filtrador”, pela capacidade com que penetrava na área adversária, em velocidade de cruzeiro.
Para o Uruguai, partiu como suplente de Roberto Cherro, entrando na equipa contra o México, quando o companheiro foi atacado por súbita crise nervosa. Um espanto, quatro jogos, oito golos.
O Génova ofereceu-lhe 25 mil pesos de luvas e um ordenado mensal de 1500 pesos. E, perante tal proposta, arrancou para a terra de onde os pais partiram em busca de fortuna. Benito Mussolini, que se encantou com o modo como jogava, tomou nas próprias mãos o processo de naturalização, mas Stabille nunca haveria de vestir a azzurra.
Na Primavera de 1931, foi vítima de acidente grave, depois de choque com Rapetti, guarda-redes do Alessandria: fractura do perónio, delicada operação, voltando aos relvados apenas a 16 de Outubro de 1932. Logo depois nova desgraça, contra a Fiorentina, outra fractura, dois centímetros acima da anterior.
Não podendo auxiliá-lo na recuperação, o Génova cedeu-o ao Nápoles, mas a sorte não mudou. Foi para o Estrela Vermelha, assumindo a sua direcção técnica. Com a II Guerra Mundial a estalar, regressou à Argentina, tomou conta da selecção até 1958, ganhando a Copa América de 1957. Entretanto foi treinando o San Lorenzo de Almagro, o Estudiantes, o Ferro Carril e o Racing de Avlaneda, com o qual foi tricampeão em 1949, 1950 e 1951.
Faleceu a 27 de Dezembro de 1876 e, quando muitos o recordaram como principal responsável pelo fracasso argentino de 1958, o jornal italiano Il Corrieri Mercantil, de Génova, abria toda a primeira página com as seguintes palavras apenas: «El Filtrador é uma eterna legenda

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