sábado, 24 de janeiro de 2009

Gerd Müller

Quando foi o melhor marcador do Mundial do México e eleito Bola de Ouro no referendo anual do France Football, em 1970, Gerd Müller já tinha uma história de golos. Muitos golos. Não é fácil encontrar um animal de área assim, tão intuitivo, tão repentista, tão bom a utilizar o corpo para guardar a bola até ao momento de rematar à baliza.
Era baixote, tinha alguns quilos a mais para a estrutura física que possuía mas foi único recordista de golos marcados na Bundesliga, na selecção alemã e nas competições europeias de clubes.
Chegou ao Bayern Munique em 1964, tinha então 19 anos (nasceu a 3 de Novembro de 1945). Ao serviço do TSV Nördlingen, equipa da terra natal que jogava o campeonato regional sul, fez a primeira época como sénior. Marcou 33 golos em 26 jogos. Ao serviço do Bayern prosseguiu a saga de números que alimentou até 1979, durante 15 anos absolutamente extraordinários, ao longo dos quais foi campeão do Mundo e da Europa, três vezes vencedor da Taça dos Campeões, uma vez da Taça Intercontinental, outra da Taça das Taças, para além de quatro títulos alemães e outras tantas vitórias na taça do seu país.
Contabilizando as cinco épocas que efectuou, em final de carreira, nos Estados Unidos, Müller marcou 405 golos em 507 jogos a contar para campeonatos da divisão principal. Em 62 jogos pela selecção contabilizou 68 golos, menos um em relação aos que obteve nas competições europeias. Verdadeiramente impressionante.
Quando Helmut Schön lhe confiou a tarefa de comandar o ataque alemão, em 1974, Gerd Müller estava a caminho dos 29 anos e sagrara-se meses antes campeão europeu de clubes, contribuindo à sua maneira (sempre com golos) para interromper o ciclo de triunfos do Ajax.
Tornou pública a intenção de não voltar a representar a Alemanha depois do Campeonato do Mundo. Desse modo despediu-se a 7 de Julho marcando o golo que deu a vitória sobre a Holanda, aquele que permitiu aos alemães a conquista do título.
Nos anos de domínio europeu do Bayern Munique, que durariam até 1976 (três vitórias consecutivas), Müller foi considerado, sem discussão, o melhor ponta-de-lança do Mundo, na concepção restrita da função, como avançado de área, como marcador de golos.
Com o tempo, foi perdendo velocidade, mas não a arte de movimentar-se no seu espaço, com o saber de quem conhece todos os cantos à casa.
Em 1977/78, já trintão, ainda foi o melhor marcador da Bundesliga, com 24 golos. Em 1979, seguindo as pegadas de Franz Beckenbauer, foi para os Estados Unidos. Em três épocas, até 1981, ainda conseguiu marcar 40 golos.
Em 1982 decidiu que tinha chegado a hora da retirada. Como a vida sem golos não tinha o mesmo encanto, entrou em depressão. Substituiu-os pelo álcool. Foi Uli Höness, companheiro de muitas batalhas, entretanto nomeado director desportivo do Bayern Munique, quem lhe deu a mão. Em nome da amizade, do Bayern e do futebol alemão. Totalmente recuperado, Müller é hoje uma espécie de embaixador do clube que ajudou a elevar aos píncaros da glória.



Vídeo - Gerd Müller

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