terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Franz Beckenbauer

Quando Franz Beckenbauer ergueu a taça correspondente ao título Mundial de 1974, era já um dos melhores jogadores do Mundo, grande revelação em 1966, figura indiscutível em 1970, referência máxima do Bayern Munique que, nesse ano, interrompeu o domínio de três épocas consecutivas do Ajax, na Taça dos Campeões.
Começou por ser um médio fabuloso, fino, elegante, de larga visão de jogo e apurada técnica, que tinha, na perfeição do passe, a arma principal.
Entre o Mundial do México e o da RFA, tempo que o aproximou da casa dos 30 anos (nasceu a 11 de Setembro de 1945), recuou no terreno, passando a ocupar a posição de central.
Um dia, perguntaram a Helénio Herrera, o que era, verdadeiramente, o líbero. Respondeu, evocando princípios do jogo, aspectos genéricos do funcionamento da equipa, benefícios da vantagem numérica da defesa sobre o ataque e dos desequilíbrios que esse jogador a mais devia criar subindo no terreno… anos depois, à mesma questão, respondeu de outra forma: «O líbero é Beckenbauer
Foi, de facto, o expoente máximo do jogo, no desempenho de determinado papel, em que defender significa, também, construir. Ao kaizer, como ficou conhecido pela classe Imperial, própria de quem tinha, do jogo, uma concepção global e um sentido estético apurado… o futebol deve uma nova dimensão em todos os aspectos para os defesas, vistos desde sempre como os parentes pobres do jogo pelas limitações técnicas superadas à custa de maior dureza e de marcações tantas vezes impiedosas.
Hoje, em tempo de balanço do século XX, a quase totalidade dos maiores de entre os grandes ou foram goleadores natos ou artistas que se movimentavam na zona de ataque. Beckenbauer está sozinho entre eles. Foi tricampeão europeu de clubes e campeão do Mundo com a braçadeira de capitão, número 5 nas costas, actuando no eixo da defesa. Inesquecíveis as imagens daquele senhor que andava em campo sempre de cabeça levantada, desarmava com pezinhos de lã, só em último recurso se atirava para o chão (o que ainda hoje vale como um dos princípios básicos de um bom central), tinha a impressionante facilidade de pegar na bola e subir no terreno, colocava-a onde e como queria, a três ou a trinta metros, tanto fazia.
Na época, o mundo não resistiu ao fascínio do futebol inovador da Holanda e ao génio de Johan Cruyff, considerado nesse ano o melhor jogador europeu. Beckenbauer discutiu o título de maior figura da prova. Bem vistas as coisas, porém, a actuação serena na final, em contraste com os exageros cometidos pelo holandês, quando viu o troféu a fugir-lhe, acaba por ser-lhe favorável.
Em fim de carreira, Beckenbauer seguiu para os Estados Unidos, onde desempenhou papel importantíssimo no crescimento do jogo naquele país.
Quis um dia ser treinador. E foi. Com êxito, naturalmente. Em 1990 voltou a conhecer a glória suprema ao conduzir a Alemanha ao título mundial… só ele e Mário Zagallo conseguiram ser campeões do Mundo em funções diferentes.



Vídeo 1 - Beckenbauer


Vídeo 2 - Beckenbauer

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